Obviamente, arte é invenção.
Inovação.
A indústria fonográfica beira um
caos, causado em parte pela internet e por toda acessibilidade aos avanços
tecnológicos (o que todo mundo já sabe). Entretanto, parte de sua ruína
deve-se a si mesma. Digo isso e provo de uma forma fácil. Observe os anos
noventa: uma série de artistas mainstream passaram a lançar gravações de baixa
qualidade ou ter coletâneas lançadas com grande parte do material de ensaio e
demos. Isso se deve, talvez, a um cara chamado Kurt Cobain. O Nirvana em seu
Unplugged MTV seguiu um caminho totalmente contrário ao esperado, dando ao
público um interesse maior nas emoções e na intimidade do artista que ali se
punha como se registrasse seu pré-velório. Resultado: tornam-se produto
gravações caseiras, demos, áudios de composições que jamais receberam um
tratamento final. Depois foi a vez de uma leva de artistas, como John Frusciante
(ex-Red Hot Chilli Peppers) e Elliott Smith lançarem um trabalho mais artesanal,
longe dos grandes estúdios e trabalhando o lo-fi. Pra por um fim nesse
paragrafo, lançaram uma das coisas mais lindas que já vi: o Box Anthology dos Beatles. Ponto.
Então, agora eu chego ao real assunto desse texto.
A indústria faliu. Aos poucos estamos livres de suas amarras.
Então, o que te impede agora? Você NÃO precisa da MTV pra ter teu clip
divulgado, não tem jabá pro youtube, não é novela da globo. Você NÃO precisa
assinar com a EMI pra ter teu disco a disposição do pais todo, a internet está
ai pra isso. As coisas não estão 'mais fáceis', estão mais acessíveis.
Trabalhando duro, se dedicando, o que te impede? Na verdade, vou ser mais
abrangente: o que nos impede? Os bares não vão te contratar? Bom, você continua
precisando ser realmente bom, fazer-se entender e compartilhar algo de si para
atrair as pessoas. Aliás, compartilhar é uma palavra que mudou de significado,
depois do facebook. Compartilhar agora me parece um
sentimento, aquele em que você procura se reconhecer no outro, e assim
conseguir tirar dele uma risada, uma sensação de igualdade, sem excluir a ideia
de que somos totalmente diferentes. É achar nos detalhes daquilo que você faz,
aquilo que o próximo gosta de ver sendo feito. A música não foge disso
(muito pelo contrário, se apega a essa ideia). O simples, o que remete ao
passado, traz lembraças, o que te põe pra frente, que te pega nas inseguranças,
é o que conquista o público, que antes era alvo das bandas indie, dos artistas
‘folks’, o público tido como alternativo. Mas hoje, todo mundo é alternativo!
Usamos o mesmo canal de comunicação e não
precisamos buscar nosso caminho de uma forma individualista, passando uns por
cima dos outros. Você pode ter um blog, uma página pra postar fotografias, uma rádio, um disco lançando, e sabendo se comunicar, poderá atingir um público, ai mesmo no
seu bairro, que com certeza vai receber tua arte 'numa boa'. Só falta ação, pois o mundo
já está pronto prá você (pra nós).
Berg Menezes e os Lupados
-futuragora-
-futuragora-
