quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

E agora, José?



Obviamente, arte é invenção. Inovação. 

A indústria fonográfica beira um caos, causado em parte pela internet e por toda acessibilidade aos avanços tecnológicos (o que todo mundo já sabe). Entretanto, parte de sua ruína deve-se a si mesma. Digo isso e provo de uma forma fácil. Observe os anos noventa: uma série de artistas mainstream passaram a lançar gravações de baixa qualidade ou ter coletâneas lançadas com grande parte do material de ensaio e demos. Isso se deve, talvez, a um cara chamado Kurt Cobain. O Nirvana em seu Unplugged MTV seguiu um caminho totalmente contrário ao esperado, dando ao público um interesse maior nas emoções e na intimidade do artista que ali se punha como se registrasse seu pré-velório. Resultado: tornam-se produto gravações caseiras, demos, áudios de composições que jamais receberam um tratamento final. Depois foi a vez de uma leva de artistas, como John Frusciante (ex-Red Hot Chilli Peppers) e  Elliott Smith lançarem um trabalho mais artesanal, longe dos grandes estúdios e trabalhando o lo-fi. Pra por um fim nesse paragrafo, lançaram uma das coisas mais lindas que já vi: o Box Anthology dos Beatles. Ponto.  

Então, agora eu chego ao real assunto desse texto.

A indústria faliu. Aos poucos estamos livres de suas amarras. Então, o que te impede agora?  Você NÃO precisa da MTV pra ter teu clip divulgado, não tem jabá pro youtube, não é novela da globo. Você NÃO precisa assinar com a EMI pra ter teu disco a disposição do pais todo, a internet está ai pra isso. As coisas não estão 'mais fáceis', estão mais acessíveis. Trabalhando duro, se dedicando, o que te impede? Na verdade, vou ser mais abrangente: o que nos impede? Os bares não vão te contratar? Bom, você continua precisando ser realmente bom, fazer-se entender e compartilhar algo de si para atrair as pessoas. Aliás, compartilhar é uma palavra que mudou de significado, depois do facebook. Compartilhar agora me parece um sentimento, aquele em que você procura se reconhecer no outro, e assim conseguir tirar dele uma risada, uma sensação de igualdade, sem excluir a ideia de que somos totalmente diferentes. É achar nos detalhes daquilo que você faz, aquilo que o próximo gosta de ver sendo feito. A música não foge disso (muito pelo contrário, se apega a essa ideia). O simples, o que remete ao passado, traz lembraças, o que te põe pra frente, que te pega nas inseguranças, é o que conquista o público, que antes era alvo das bandas indie, dos artistas ‘folks’, o público tido como alternativo. Mas hoje, todo mundo é alternativo!       Usamos o mesmo canal de comunicação e não precisamos buscar nosso caminho de uma forma individualista, passando uns por cima dos outros. Você pode ter um blog, uma página pra postar fotografias, uma rádio, um disco lançando, e sabendo se comunicar, poderá atingir um público, ai mesmo no seu bairro, que com certeza vai receber tua arte 'numa boa'. Só falta ação, pois o mundo já está pronto prá você (pra nós).


Berg Menezes e os Lupados
-futuragora-

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